Os Orixás Na Umbanda
Mãe Iassan Ayporê Pery
Dirigente do Centro Espiritualista Caboclo Pery
Para
que possamos entender o Orixá em sua absoluta essência, é necessária
uma enorme capacidade de abstração. O que diversos autores tem tentado
valentemente explicar é algo absolutamente intangível ao nosso nível de
consciência.
Orixá não é divindade, pois na Umbanda cremos num único Deus. A
Umbanda não é politeísta, portanto o que passaremos a descrever não é
uma teogonia. Orixá é potência de luz emanada de Deus, O Criador.
Ordinariamente entendemos a manifestação do Orixá, através das forças
da natureza, é o máximo que conseguimos, pois em sua essência
verdadeira é pura luz. E como entender isso? É como querer entender e
explicar Deus, tarefa impossível a qualquer um de nós.
Entretanto, tendo em mente isso, podemos tentar entender juntos o
caminho inverso, ou seja, da terra para o Alto, até porque para
entendermos o que ocorre acima disso, precisaríamos entrar em esferas
elevadíssimas que fogem ao nosso entendimento, pois ninguém tem alcance
para isso. Tudo que falam são conjecturas, bravas e algumas até
louváveis tentativas, mas nada absoluto. A verdade de cada um deve ser
respeitada, assim como a compreensão. Avançar a esferas superior nos
será naturalmente permitido quando tivermos evolução para tal.
Na realidade o que a Umbanda fez foi “organizar” as manifestações
divinas, em uma linguagem que pudéssemos compreender. Todas as
“complicações” provenientes do aprendizado na Umbanda são por nossa
exclusiva culpa e ignorância, basta que conversemos com qualquer Preto
Velho, para termos a certeza disto.
Pensemos
a princípios nos Sete Orixás Básicos que se manifestam em nível de
terreiro, ou seja, de incorporação: Oxoce, Ogum, Xangô, Omulu, Oxum,
Iemanjá e Iansã.[1]
A manifestação, em nível de terreiro, de cada um se dá através de
espíritos enviados de cada uma destas forças. Importante ressaltar que
na Umbanda não incorporamos o Orixá, mas sim os seus enviados ou
representantes, que são espíritos que já encarnaram e que tem cada um o
seu próprio karma, história, característica missionária, evolutiva, de
personalidade etc.
Temos a tendência de acreditar ou pensar que cada Orixá é o reino ao
qual está associado, entretanto Orixá é muito mais do que isso, e é
exatamente esse “muito mais do que isso” que não conseguimos explicar em
palavras, mas grosseiramente falando é o amor de Deus espalhado e ao
mesmo tempo condensado em 7 raios básicos, destinados ao planeta Terra,
que objetivam, ao chegarem aqui, traduzidos pelos diversos sub-planos
que passaram, nos auxiliar no nosso karma, e que se manifestam através
das forças e reinos da natureza. O Orixá está na natureza, mas não é
apenas a natureza. Enfim... É mais uma benção de Deus.
Quando pensamos na composição de uma árvore, por exemplo, e nos
infiltramos nela, entramos no seu universo e podemos observar neste
universo “árvore” que todos os 7 Orixás estão se manifestando,
conjugadamente ou em paralelo, mas sempre harmoniosamente.
Cada Orixá tem função específica e até as que são antagônicas se
harmonizam frente as nossas necessidades, por Graça do Criador.
Para uma melhor compreensão nesta que está parecendo uma viagem ao
mundo dos Orixás, vamos primeiro falar sobre as funções e especialidades
de cada um ao nível de terra.
-
O Orixá Oxoce corresponde a nossa necessidade de saúde, nutrição, expansão, energia vital, equilíbrio fisiológico.
-
O Orixá Ogum corresponde a nossa necessidade de energia, defesa, prontidão para ação, determinação, tenacidade.
-
O Orixá Xangô corresponde a nossa necessidade de discernimento, justiça, estudo, raciocínio concreto e metódico.
-
O Orixá Omulu corresponde a nossa necessidade de compreensão de karma, de regeneração, de evolução, transformações e transmutações kármicas.
-
A Orixá Oxum corresponde a nossa necessidade de equilíbrio emocional, concórdia, amor, complacência e reprodutiva.
-
A Orixá Iemanjá corresponde a nossa necessidade familiar, estrutural de amor fraternal e filial e bens materiais.
-
A Orixá Iansã corresponde a nossa necessidade de mudança,
deslocamentos, transformações materiais, avanços tecnológicos e
intelectivos.
Tudo isso estando equilibrado nos torna pessoas melhores e facilita a
nossa passagem na Terra, por isso falei em benção de Deus, e também e
manifestações básicas e harmônicas dos Orixás apesar de algumas manifestações serem antagônicas, mas no fundo complementares.
Os 7 Orixás básicos ao se combinarem formam outros Orixás os quais
chamamos de desdobramentos do Orixá ou Orixás que foram combinados, mas
mesmo assim ainda não são estes que se manifestam em nível de terreiro,
mas sim os seus enviados (que falaremos mais tarde)
O único Orixá na Umbanda que não tem desdobramentos é a Orixá Iansã,
pois as suas combinações são tão rápidas que não criam reinos, mas
apenas manifestações rápidas desta conjugação, não chegando a formar ou
fixar-se durante muito tempo a ponto de formar um novo Orixá. Além do
mais, outro motivo para isto e o próprio elemento por Ela representado: o
Ar. O Ar não se desdobra, não se fixa, mas mistura-se aos demais,
entretanto sem mudar a sua essência. O Ar em movimento é o vento que
causa mudanças rápidas e essas mudanças são a própria Orixá.
Quando os Orixás se combinam, se unem e se conjugam temos os
diferentes desdobramentos que são manifestados através do encontro de um
reino com outro, ou manifestações de força da natureza, que em terreiro
também recebem nomes diferentes.
Algumas das diferentes combinações de Orixás
Grosso modo poderíamos falar em Orixás dinâmicos e estáticos, mas
seria importante ressaltar que nada é estático na natureza, tudo está em
constante mudança e transformação, mas que estabeleçamos agora que esse
estático quer dizer mais lento e não totalmente parado. Cada Orixá tem,
portanto, seu próprio ritmo. Talvez seja mais interessante falarmos em
Orixás mais rápidos e de energias de ação, e Orixás mais lentos ou de
energia equilibrante e refreadora.
Se pensarmos numa mata, por exemplo, o que os nossos olhos vêem é que
ela está “parada” no lugar, mas para que seja exuberante e grande ela
está em constante expansão, mudança, num ritmo lento e gradual, sofrendo
a ação da fertilidade da terra, da constância dos ventos em espalhar as
sementes, na ação do sol para a fotossíntese, enfim, de parada ela não
tem nada. Mas seu “movimento” é provocado pela interação de outras
forças.
Assim é a energia de Oxoce. Um trabalho constante de surgimento,
expansão, crescimento e renovação. A vida se renovando através do
trabalho em grupo conjugando infinitas forças.
Encontramos a energia do Orixá Ogum manifestando-se nas matas de Oxoce
através do calor do sol, que dará força a energia vital de Oxoce no
nascimento dos vegetais, na luta pela sobrevivência dos vegetais que se
transformarão em grandes árvores formando a mata. A esta manifestação
damos o nome de Ogum Rompe Mato, além dela se apresentar também em nível
de terreiro como Caboclo Rompe Mato ou outro nome que estaria associado
ao Orixá Ogum, ou seja, manifestações de luta e bravura, determinação e
tenacidade, como por exemplo Caboclo Arranca Toco, etc.
Encontramos a energia do Orixá Omulu manifestando-se nas matas de
Oxoce através da própria terra de onde irão brotar os vegetais, é a
própria base da mata. Em nível de terreiro encontramos essa combinação
representada através dos Caboclos Flecheiros e Bugres. Que são Caboclos
mais voltados para trabalhos de descarga.
Encontramos a energia do Orixá Xangô manifestando-se nas matas de
Oxoce através das pedreiras e que dão contornos e estabelecem limites na
expansão da mata. Em nível de terreiro encontramos essa combinação
representada através de Caboclos que se apresentam normalmente
carregando em seu nome a palavra “Pedra” ou com características mais
voltadas a equilíbrio, estudos, etc. Muitas vezes se apresentando tanto
na hora em que invocamos Oxoce ou Xangô (dependendo da orientação da
Casa).
Encontramos a energia da Orixá Oxum manifestando-se nas matas de Oxoce
através da água fertilizadora da terra, auxiliando na expansão e ao
mesmo tempo estabelecendo limites e contornos (rios e cascatas). Em
nível de terreiro encontramos essa combinação representada através de
Caboclos e Caboclas com apresentação mais “dócil”, “suave” e mais
voltados para cura, manipulação de ervas, etc. Normalmente carregam em
seu nome algo do tipo Caboclo “xxx” da Cachoeira, ou Caboclo “xxx” do
Rio, etc. Muitas vezes se apresentando tanto na hora em que invocamos
Oxoce ou Oxum (dependendo da orientação da Casa).
Encontramos a energia da Orixá Iemanjá manifestando-se nas matas de
Oxoce próximas ao litoral, através da função provedora de bens materiais
desta Iabá. Em nível de terreiro encontramos essa combinação
representada pelos Caboclos e Caboclas do Mar da Praia, etc. Muitas
vezes se apresentando tanto na hora em que invocamos Oxoce ou Iemanjá
(dependendo da orientação da Casa). Também tem função de descarrego e
imantação.
Encontramos a energia da Orixá Iansã manifestando-se nas matas de
Oxoce através da ação dos ventos e da chuva e da função transformadora
desta Iabá. São caboclos e caboclas que também tem como especialidade
descarga rápida e transformadora.
Além, é claro, da conjugação de Oxoce com Ele mesmo, que encontramos os diversos Caboclos, como Tupinambá, Cobra Coral, etc.
Buscamos através desses exemplos mostrar a facilidade com que os
Orixás se combinam, se conjugam e se harmonizam, sem perderem suas
essências mas agregando outras, são todos Caboclos e Caboclas de Oxoce
mas que adquiriram outras características vibratórias ao se combinarem e
conjugarem com outros Orixás.
Em
função de sua característica básica de expansão, o Orixá Oxoce foi
associado ao planeta Júpiter, que rege a quinta-feira, e por extensão é o
dia em que cultuamos Oxoce na Umbanda.[2]
Existem dois Orixás na Umbanda que não possuem reinos específicos, mas
atuam em todos, que são Ogum e Iansã, através de suas energias e
funções.
O Orixá Ogum representa ou se manifesta através da luta pela
sobrevivência e por isso está associado a defesa de todos os reinos,
além de estar diretamente associado ao início de tudo, ao novo, a
conquista.
Ao encontrarmos a energia do Orixá Ogum, cujo elemento é o fogo,
manifestando-se no reino do Orixá Omulu, que é a terra, o chão, o solo,
através do calor o sol e traduzimos isso para a calunga pequena ou
cemitério, que em termos ritualísticos de Umbanda é o reino de Omulu,
temos a formação do desdobramento de Ogum que chamamos de Ogum Megê. Ou
seja, é o Orixá Ogum atuando na defesa do reino do Orixá Omulu em
combinação vibratória com o mesmo, formando este desdobramento de Ogum. É
o Ogum magista, ou seja, conquista/defesa através da magia.
Quando o Orixá Ogum manifesta-se na defesa do reino de Xangô,
encontramos o desdobramento chamado de Ogum de Lei, ou seja, combinação
vibratória do Orixá Ogum com o Orixá Xangô. Em nível de necessidade
nossa de terra (ou terreiro) é quando Ogum atua na execução de justiça. É
o Ogum da ponderação, ou seja, conquista/defesa através da ponderação,
da estratégia.
Ao cruzamento vibratório do Orixá Ogum com o Orixá Oxoce, conforme já
falamos, damos o nome de Ogum Rompe Mato. É o Ogum do imediatismo, ou
seja, conquista/defesa através da expansão.
Ao cruzamento vibratório do Orixá Ogum com a Orixá Oxum, ou seja, Ogum
atuando na defesa dos rios e cascatas, damos o nome de Ogum Iara. É o
Ogum da diplomacia, ou seja, conquista/defesa através da concórdia,
diplomacia.
E finalmente o Orixá Ogum atuando na defesa do reino de Iemanjá,
juntamente com a Orixá Iansã (ação sazonal dos ventos e tempestades
causando a turbulência das ondas) damos o nome a esta manifestação de
Ogum Beira-Mar. É o Ogum do inesperado, ou seja, conquista/defesa
através de ações inesperadas.
Uma observação importante a se fazer é que cada vez que um Orixá se
desdobra por combinar-se com outro, ele absorve algumas de
características do Orixá com o qual se combinou, gerando e atendendo
assim outras necessidades nossas.
Especificando:
-
Ogum Megê – este desdobramento de Ogum, gerado pela união dos elementos terra (Omulu) e fogo, está presente nos assuntos atinentes a desmanche de magia.
-
Ogum de Lei – este desdobramento de Ogum está presente nos assuntos atinentes a execução de justiça.
-
Ogum Iara – este desdobramento de Ogum está presente nos assuntos atinentes a conquistas diplomáticas.
-
Ogum Rompe Mato – este desdobramento de Ogum está presente nos assuntos pertinentes a coisas de solução rápida, revigorantes e de conquista de espaço de maneira geral.
-
Ogum Beira Mar – este desdobramento de Ogum está presente nos assuntos atinentes a conquista material e de fortuna.
Estas são as manifestações mais comuns que se apresentam nos terreiros
e são considerados chefes de linha, outras encontradas em nível de
terreiro são consideradas desdobramentos destes desdobramentos.
Em
função de sua característica básica de luta e guerra, o Orixá Ogum foi
associado ao planeta Marte, que rege a terça-feira, e por extensão é o
dia em que cultuamos Ogum na Umbanda.[3]
Ao pensarmos no Senhor da terra, o Orixá Omulu, o vemos como a base
para o cumprimento de nossa missão na terra. Ele é a base de tudo. É na
terra que transmutamos o nosso karma, por isso que sendo a nossa base,
sempre nos lembra de nosso karma, e nos dá a compreensão do mesmo.
Ele não se combina com os outros Orixás, os outros Orixás é que se combinam com ele, gerando desdobramentos neles.
Os desdobramentos do Orixá Omulu se dão dentro dele mesmo,
observando-se a natureza, vemos isso nos diferentes tipos de solo, que
gerarão diferentes combinações de Orixás em função disto. Um dos
desdobramentos mais conhecidos de Omulu é o Orixá Obaluaê.
Se nenhum outro Orixá existisse, o Orixá Omulu (terra) existiria e o
tipo de vida que encontraríamos qual seria? Com isso quero dizer que
nenhum Orixá é auto-suficiente e nem se basta, mas as suas combinações e
dinamismo é que nos permitem conhecer a vida como a conhecemos.
É como um grande plano de Deus, que em sua generosidade infinita nos
deu a base e as condições para que evoluíssemos e crescêssemos.
De nada adianta a base se não temos as condições e o inverso também é verdadeiro.
Por isso é tão importante que não “desprezemos” nenhum Orixá em nosso culto às forças da natureza.
Existe grande confusão com relação a magnitude deste Orixá onde alguns
chegam a confundi-lo com Exu. Isto se deve a capacidade de manipulação
magística e transformadora de Omulu, da qual Exu é apenas executor. Além
do mais Omulu é Orixá e Exu não é.
Sendo a própria terra, onde caminhamos e nos sustentamos, e sendo a
terra geradora permanente de vida, encontramos nela a primeira grande
magia de Omulu, que é a famosa força da gravidade, que atrai tudo para
si, assim como também, as diversas forças dos demais Orixás formando
novas conjugações como as já citadas e que citarei ainda.
Por atrair tudo para si, e sugar as energias negativas
transformando-as em positivas, transmutando e transformando tudo que
nela toca e entra, este Orixá se desdobra dentro de si mesmo. É por isso
que Ele não “vai” a outros Orixás, mas os outros é que vem a Ele.
Por tudo isso é que afirmo que confundir o Orixá Omulu com Exu é no
mínimo incoerente, entretanto compreensível, pois para entender Sua
Magnitude é preciso exercício mental, e isto poucos estão dispostos a
fazer.
Sendo o Orixá que permanece no limite entre vida e morte, também foi
associado a saúde e doença. Dentro de uma coerência e lógica, você acha
realmente que Deus teria enviado um raio a terra cuja função fosse nos
trazer doenças? A sua associação a saúde está justamente em função de
ser da terra que brotam as ervas curadoras, mas estas são de Oxoce.
Bênçãos de Omulu, sem dúvida, mas pertencem a Oxoce, este sim o Orixá da
Cura, da Saúde.
Por outro lado a função de Omulu junto a área da saúde também se
justifica pelo fato de ser ele o absorvedor e transformador de todas as
energias negativas geradas e atraídas por qualquer doença em energia
curadora, utilizada e manipulada por Oxoce.
Em
função de sua característica básica de consciência kármica, tempo e
lentidão, o Orixá Omulu foi associado ao planeta Saturno, que rege o
sábado, e por extensão é o dia em que cultuamos Omulu na Umbanda.[4]
Ao continuarmos a análise das diversas combinações dos Orixás
encontramos o Orixá Xangô atuando principalmente no equilíbrio das
diversas forças. Xangô é o Orixá que está associado ao estudo,
discernimento, e conseqüentemente a justiça. Observando a natureza vemos
a pedreira entre a terra e o mar, impondo limites, pois a água salgada
não germina a terra, mantendo portanto o equilíbrio ecológico.
Encontramos também sua manifestação natural através do trovão.
Existem inúmeros desdobramentos de Xangô, mas não estão relacionados as combinações de outras forças mas ao equilíbrio das mesmas (poderíamos ousar afirmar que está seria a principal função deste Orixá em nível de natureza), assim temos:
· Xangô D’Jacutá – regência geral da linha de Xangô (grosso modo seria a própria pedreira, harmonia com Oxoce).
·
Xangô Alafim-Eché – este desdobramento consiste na atuação junto a
necessidade de fazer cessar as tempestades (atuando como energia
refreadora, equilibradora) e auxiliar oradores intelectuais (inspirando
método e orientação). Atuando com Iansã.
·
Xangô Alufam – este desdobramento atua principalmente na função de
encaminhar das almas desencarnadas, atuando juntamente com Omulu, na
justiça e organização desta atividade.
·Xangô
Agodô – este desdobramento atua principalmente presidindo as cerimônias
de fé e de batismo. Grande auxiliar das intuições puras. Atuando com
Oxum.
· Xangô Aganju – Protetor dos lares, da harmonia conjugal. Atuando com Iemanjá.
· Xangô
Abomi – este desdobramento atua principalmente no equilíbrio de
raciocínio e método e defesa nas horas de grande aflição. Atuando com em
harmonia com Ogum.
Importante ressaltar que as definições ou descrições os diferentes
desdobramentos de Xangô, assim como com os dos demais desdobramentos de
cada Orixá, são apresentadas muito mais com objetivos didáticos do que
litúrgicos, pois a essência de cada Orixá permanece sempre a mesma em
todos os seus desdobramentos e momentos de atuação.
Em função de sua característica básica de estar ligado a parte
intelectiva, o Orixá Xangô foi associado ao planeta Mercúrio, que rege a
quarta-feira, por extensão é o dia em que cultuamos Xangô na Umbanda.
Ao
analisarmos a Orixá Oxum, e nos reportarmos ao seu elemento (água) e a
seu reino (cachoeiras e rios), encontramos os seguintes desdobramentos:
· Oxum Iara - ou simplesmente Oxum – essência da Oxum. Sentimento, amor, concórdia, harmonia, união.
·
Oxum Marê – manifesta-se quando do encontro das águas de Oxum com as
águas de Iemanjá. São as águas turbulentas. Em termos de significado e
tradução para as nossas vidas, é o encontro do passado com o presente,
de uma essência com a outra. Revisão de sentimentos (Oxum), turbulência
de sentimentos (choque das duas águas), relacionados a nossa formação
familiar (Iemanjá).
· Oxum
Diapandá – manifesta-se na superfície das águas salgadas (onde a água é
menos salgada). Absoluta harmonia com Iemanjá. Na sua compreensão de
atuação junto a nós, é quando após a revolução de sentimentos (Oxum
Marê), nos acomodamos na placidez das águas superficiais, sem grande
envolvimento de sentimentos profundos, mas mais voltados aos sentimentos
e aspirações materiais.
Considerada
popularmente como sendo somente a Orixá do amor, entendemos como sendo a
Orixá do misticismo, do sentimento, da concórdia e harmonia.
Em
função de sua característica básica de estar ligada diretamente a
sentimento, emoções e amor, a Orixá Oxum foi associada a Lua, que rege a
segunda-feira, por extensão é o dia em que cultuamos Oxum na Umbanda.[5]
Muitos cultuam o Orixá Omulu na segunda-feira em função das Almas, mas
lembramos que as águas da Oxum correm onde? Na terra. Que é de quem?
Omulu. Com relação a isto, muitos já devem ter observado uma certa
sensação melancólica, não chega a ser tristeza, mas uma “emoção”, muitas
vezes indescritível, conjugada com a vibração de incorporação de Oxum.
Algumas enviadas choram. Isto tudo se deve ao fato das águas correrem
pela terra de Omulu, “carregando” com elas as Almas, das quais Omulu é o
Mestre e Senhor, mas que em contato com Oxum, traduzem em nível de
terreiro e incorporação, nesta “melancolia” que às vezes sentimos.
Por isso as Almas vibram em segunda vibração na segunda-feira dia de regência da Oxum.
Analisando a Orixá Iemanjá e nos reportando ao seu reino o mar,
associamos sempre que quem mora perto do mar, nunca morre de fome, não é
verdade? Por isso ela é a grande provedora dos bens materiais, a grande
mãe, que nos dá o conforto, o alimento, além de ser representada pelo
maior de todos os reinos, o mar. Soberania.
Em
função de sua característica básica de estar ligada diretamente a
família e ao amor familiar e fraterno, a Orixá Iemanjá foi associada a
Vênus, que rege a sexta-feira, por extensão é o dia em que cultuamos
Iemanjá na Umbanda.[6]
Por fim, analisando a Orixá Iansã, que como já dissemos não tem reino
específico, reportemo-nos a seu elemento primeiro o ar. Presente em
todos os reinos, conjugando-se a todos os Orixás, mas não estabelecendo
nenhum desdobramento específico pois sempre que atua é em nível de
mudança, transformação, como energia propulsora e renovadora. Em nível
de terra esta Orixá está diretamente relacionada ao intelecto, tal como
Xangô, mas de forma distinta, pois o Xangô é de energia refreadora, em
termos práticos, coloca o método no pensamento ágil gerado pela Orixá
Iansã. Conseqüentemente, esta Iabá está diretamente ligada aos avanços
tecnológicos, e não apenas as mudanças climáticas.
Em
função de sua característica básica de estar ligada diretamente ao
intelecto, a Orixá Iansã foi associada ao planeta Mercúrio, que rege a
quarta-feira, por extensão é o dia em que cultuamos Iansã na Umbanda.[7]
Assim
podemos dizer que os Orixás, depois de atravessarem os diversos planos e
sub-planos e chegarem até nós, nos apresentam infinitas formas de
auxilio, através de suas combinações e desdobramentos. Poderíamos com
isso, trazendo para linguagem de terra tentar resumir os “assuntos” a
que cada um essencialmente atuaria e auxiliaria. Assim temos:
· Oxoce – saúde, energia vital, fisiologia, farmacologia, sociedade, trabalho em grupo.
· Ogum – defesa, energia propulsora, conquista.
· Xangô – equilíbrio, discernimento, justiça, estudo.
· Omulu – consciência de karma, transmutação kármica, magia,
· Oxum – equilíbrio emocional, amor, concórdia
· Iemanjá – união familiar, formação familiar, bens materiais
· Iansã – inteligência, avanços tecnológicos, mudanças, transformações materiais
Considerações sobre a Orixá Nanã
Consideramos
Nanã a Soberana das Águas, as águas originais, o início da vida, a água
de mina. Conseqüentemente estando "acima" das demais Orixás ligadas ao
elemento água, não é Orixá Básico, conseqüentemente não é Regente de
Ori. As manifestações encontradas em nível de terreiro, são
manifestações de uma das três Iabás (Iemanjá, Oxum ou Iansã) em vibração
mais “velha”.
Nanã
é o momento inicial em que a água brota da terra ou da pedra, a partir
do momento que a água corre, já é Oxum. Portanto não compreendemos como
“lama” (mistura de água com terra) mas sim como Soberana de Todas as
Águas.
Dicionário desta parte: (Houaiss – Editora Objetiva)
Esotérico: Adj.
1. FIL diz-se do ensino que, em certas escolas da Grécia antiga,
destinado a discípulos particularmente qualificados, completava e
aprofundava a doutrina. 1.1 FIL m.q. ACROMÁTICO 2 p.ext.
diz-se de todo ensinamento ministrado a círculo restrito e fechado de
ouvintes 3. diz-se de ciência, doutrina ou prática fundamentada em
conhecimentos de ordem sobrenatural. 4. fig. Compreensível apenas por poucos; hermético . ETIM gr. Mais íntimo, dentro. ANT. exotérico.
Esoterismo: s.m.
1. atitude doutrinária, pedagógica ou sectária segundo a qual certos
conhecimentos (relacionados com a ciência, a filosofia e a religião) não
podem ou não devem ser vulgarizados, mas comunicados a um pequeno
número de iniciados. 2. ciência, doutrina ou prática baseada em
fenômenos sobrenatuais. 3. fig. Caráter de uma obra hermética, enigmática. ETIM. Esotérico esoter + ismo.
Exotérico: Adj.
1. passível de ser ministrado ao grande público e não somente a um
grupo seleto de alunos (diz-se de ensino). 2. diz-se de cada um dos
escritos aristotélicos destinados ao grande público, em que forma de
diálogos, dos quais só restaram fragmentos. 3. diz-se dos ensinamentos e
doutrinas que, nas escolas da Antiguidade grega, eram transmitidos em
público. 3.1 . p. ext. comum, vulgar, trivial. ETIM. Externo, que pertence ao lado de fora
Teogonia:
1. Nas religiões politeístas, narração do nascimento dos deuses e
apresentação da sua genealogia. 2. (1874) conjunto de divindades cujo
culto fundamenta a organização religiosa de um povo politeísta. ETIM gr.
Theogonia, origem ou nealogia dos deuses.
[1]Não
incluímos Oxalá na relação de Orixás Básicos por considerá-lo acima dos
demais Orixás e por considerá-lo a conjugação de todos os demais
Orixás, energia primeira e original emanada de Zambi ou Olorum, O
Criador de Todas as Coisas, portanto Oxalá não é Orixá Básico,
conseqüentemente não é regente de Ori (coroa) de médium nenhum na
Umbanda, todos somos Filhos de Oxalá. Além do mais estamos falando em
manifestações em nível de terreiro, ou seja, em nível de incorporação e
na Umbanda ninguém incorpora Oxalá. Alguns se referem a Ele como Orixá
Maior.
[2] Farei a partir deste ponto a descrição básica dos planetas justificando assim a associação com os Orixás.
As palavras chaves para o planeta Júpiter são energia expansiva. É um enorme planeta que traz expansão. Tudo cresce com Júpiter. Tudo se engrandece. Tudo chega às máximas dimensões. Com Júpiter, a curva alcança seu ponto mais elevado, é o pico. (do livro Calendário Cósmico de Stellrius – editora Nova Era). Júpiter representa a necessidade de espiritualidade e de religiosidade. Além disso é a extensão e a expansão do instinto primitivo. É o crescimento de qualquer coisa, embora na sua função mais evoluída seja o crescimento do conhecimento e do entendimento. Júpiter simboliza o princípio da expansão na esfera de ação e de experiências na qual a pessoa vive. (do livro Conhecimento da Astrologia – Manual Completo de Anna Maria Costa Ribeiro)
As palavras chaves para o planeta Júpiter são energia expansiva. É um enorme planeta que traz expansão. Tudo cresce com Júpiter. Tudo se engrandece. Tudo chega às máximas dimensões. Com Júpiter, a curva alcança seu ponto mais elevado, é o pico. (do livro Calendário Cósmico de Stellrius – editora Nova Era). Júpiter representa a necessidade de espiritualidade e de religiosidade. Além disso é a extensão e a expansão do instinto primitivo. É o crescimento de qualquer coisa, embora na sua função mais evoluída seja o crescimento do conhecimento e do entendimento. Júpiter simboliza o princípio da expansão na esfera de ação e de experiências na qual a pessoa vive. (do livro Conhecimento da Astrologia – Manual Completo de Anna Maria Costa Ribeiro)
[3]
As palavras chaves para Marte são energia de ação. O “guerreiro” sai
para enfrentar as tarefas da vida com valentia, coragem e decisão. A
energia de Marte dá impulso. (do livro Calendário Cósmico de Stellrius –
editora Nova Era). É a resposta ao estímulo. Sem Marte não
sobrevivência. E, por isso, também é sexo. Mas como sexo, não pode agir
sozinho. Precisa de Vênus. Um é iniciativa, outro é gostar; um é
expressão ativa, outro é a experiência de mergulhar. É Marte que obriga
as pessoas a competirem, eliminando o mais fraco: duas pessoas não podem
ocupar o mesmo lugar ao mesmo tempo. (do livro Conhecimento da
Astrologia – Manual Completo de Anna Maria Costa Ribeiro)
[4]
A palavra chave para o planeta Saturno é concretização. É o planeta dos
anéis. Os anéis de Saturno delimitam, estabelecem fronteiras. As
fronteiras nos avisam que há um tempo para tudo, nos atam a uma forma,
nos contêm, não nos deixam sair. Ele nos trás o silêncio e a
concentração. (do livro Calendário Cósmico de Stellrius – editora Nova
Era). Saturno é a realidade, mas às vezes pensamos que a realidade é a
verdade. Realidade é estrutura e limitação, e precisa-se de algo que
defina a nossa situação, uma organização que nos dê apoio. Amadurecer e
aceitar as responsabilidades, saber claramente quem somos e de que somos
capazes, comprometer-se. Exige obediência e disciplina, podendo ser
rígido e sem misericórdia. É o pai ditando ordens; a normalidade das
pessoas e situações, ser estável. (do livro Conhecimento da Astrologia –
Manual Completo de Anna Maria Costa Ribeiro)
[5]
“As palavras chaves para a Lua são energia nutritiva. A característica
destacável da lua é sua qualidade feminina, receptiva. A Lua representa o
profundo, o silencioso, o noturno, o aquático.” (do livro Calendário
Cósmico de Stellrius – editora Nova Era). Representa a matriz, a fonte,
origem de todas as coisas, é um recipiente que dá forma e limite. É ter
um local próprio para si, representa a maternidade, portanto o
fundamento e a base da existência. Representa também a emoção, aquilo
que está dentro de nós, estruturado, desde cedo. São os reflexos
emocionais, os comportamentos automáticos e instantâneos. É o nosso
inconsciente, que nos liga a tudo, a todos, a qualquer lugar sem
separação: o modo de percepção. (do livro Conhecimento da Astrologia –
Manual Completo de Anna Maria Costa Ribeiro)
[6]
“Vênus é o planeta que produz o brilho intenso de seu radiante
azul-prateado. A energia de Vênus é suave e cálida. Envolvente e
magnética. Produz prazer. Tudo se cobre de brilhos refinados com a
chegada de Vênus.” (do livro Calendário Cósmico de Stellrius – editora
Nova Era). Vênus representa a necessidade de unir opostos, é a atração
que une homem e mulher. Além disso, é a união entre as pessoas em geral.
Vênus é a necessidade que as pessoas têm de se compromissarem e se
completarem, estar junto. Daí pode desenvolver-se a união entre os dois
para um relacionamento maiôs de grupo, para qualquer forma de vida com
outra pessoa. É companhia, não é solidão. O relacionamento ocorre,
então, como uma dependência mútua, ninguém pode viver completamente só.
Vênus passa a ser a função de expressar afeto e amor. E a vontade de ser
desejada e apreciada e para isso usar seus atributos de atração. (do
livro Conhecimento da Astrologia – Manual Completo de Anna Maria Costa
Ribeiro)
[7]
Mercúrio – palavras chaves: Energia mental. A sua energia está
associada à atividade mental. Mercúrio se move rápido, tão rápido como
os pensamentos. (do livro Calendário Cósmico de Stellrius – editora Nova
Era). Representa, no ser humano, o pensamento, reflexão, análise e
troca de idéias. Se não houvesse Mercúrio, não haveria a mente racional e
o homem seria puramente instintivo. É a capacidade de aprender e
assimilar suas experiências e achar um meio de comunicá-las por em
prática, e também de comunicar seus pensamentos. Tem a natureza dupla do
pensamento interior e da comunicação exterior. (do livro Conhecimento
da Astrologia – Manual Completo de Anna Maria Costa Ribeiro)
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