01 – Como funciona a mediunidade consciente?
O
médium capta o fluxo mental do Espírito, gerando idéias e sensações,
como se houvesse a intromissão de outra mente em sua intimidade; como se
estivesse a conversar com alguém, dentro de si mesmo.
02 – Ouve uma voz?
Seria fácil, mas não é bem assim. Idéias surgem, misturando-se com as suas, como se fossem dele próprio.
03 – Parece complicado…
E
é, sem dúvida, principalmente para médiuns iniciantes, que não
distinguem o que é deles e o que é do Espírito. Muitos abandonam a
prática mediúnica, em face dessa incerteza, que é perturbadora.
04 – Como resolver esse problema?
É
preciso confiar e dar vazão às idéias que lhe vêm à cabeça, ainda que
pareçam embaralhadas, em princípio. Geralmente a mediunidade é
desenvolvida a partir da manifestação de Espíritos sofredores, o que é
mais simples. Não exige maior concatenação de idéias ou esforço de
raciocínio. Cumpre-lhe, em princípio, apenas exprimir as sensações e
sentimentos que o Espírito lhe passa.
05 – Qual o conselho para o médium que enfrenta esse impasse?
Sentindo
crescer dentro de si o fluxo de sensações e pensamentos, que tomam
corpo independente de sua vontade, comece a falar, sem preocupar-se em
saber se é seu ou do Espírito. A partir daí o fluxo irá se ajustando. É
como o motorista inexperiente na direção de um automóvel. Em princípio
há solavancos, mas logo se ajusta.
06 – O que pode ser feito para ajudar o médium iniciante?
A
participação dos irmãos do Terreiro é importante. O médium, nessa
situação inicial, fica fragilizado. Sente-se vulnerável e constrangido.
Qualquer hostilidade ou pensamento crítico dos irmãos, revelando
desconhecimento do processo, poderá afetá-lo.
07 – Seria razoável aplicar passes no médium iniciante, em dificuldade para iniciar a manifestação?
O
passe pode ajudar, mas devemos ser econômicos na sua utilização, a fim
de evitar condicionamentos. Há médiuns que esperam pela intervenção do
Pai, Mãe ou irmão no Santo, aplicando-lhes passes, a fim de iniciar seu
trabalho.
08
– As manifestações de médiuns iniciantes são, não raro, repetitivas.
Como devem agir o Pai ou Mãe e Irmãos no Santo no Terreiro?
Cultivar
a compreensão e a boa vontade, considerando que o animismo, a
intervenção do próprio médium, é expressivo nessa etapa do
desenvolvimento. Aos poucos ele irá se ajustando, aprendendo a
distinguir melhor entre suas idéias e as do Espírito.
09 – Vemos, com freqüência, médiuns dotados de razoáveis faculdades mediúnicas desistirem do compromisso. Há algum prejuízo?
A
sensibilidade mediúnica não funciona apenas nas Giras. Está sempre
presente. É na prática mediúnica, com os estudos e disciplinas que lhe
são inerentes, que o médium garante recursos para manter o próprio
equilíbrio. Afastado, pode cair em perturbações e desajustes.
10 – É um castigo?
Não
se trata disso. O problema está na própria sensibilidade que, não
controlada pelo exercício, situa o médium à mercê de influências
negativas, nos ambientes em que circule, e de entidades perturbadas que
se aproximam.
11 – Mas esse problema não está presente na vida de todos nós? Não vivemos rodeados de Espíritos perturbados e perturbadores?
Sim,
e bem sabemos quantos problemas são decorrentes dessa situação, por
total ignorância das pessoas em relação ao assunto. No médium afastado
da prática mediúnica é mais sério, porquanto, em face de sua
sensibilidade, ele sofre um impacto maior, com repercussões negativas em
seu psiquismo.
12 – E se o médium, não obstante afastado da prática mediúnica, for uma pessoa de boa índole, caridosa, afável, bem sintonizada?
Com
semelhante comportamento poderá manter relativa estabilidade, mas é
preciso considerar que a mediunidade não é um acidente biológico.
Ninguém nasce médium por acaso. Há compromissos que lhe são inerentes.
13 – O médium vem programado para essa tarefa…
Sim.
Trata-se de um compromisso assumido na espiritualidade. Há um
investimento no candidato à mediunidade, relacionado com estudos,
planejamento, adequação do corpo. Tudo isso envolve diligentes cuidados
dos mentores espirituais. Imaginemos uma empresa investindo na
preparação de um funcionário para determinada função. Depois de tudo,
será razoável ele dizer que não está interessado?
14-
Mas não é contraproducente o médium participar de trabalhos mediúnicos
como quem cumpre uma obrigação ou um contrato preestabelecido, temendo
sanções?
As
sanções serão de sua própria consciência, que lhe cobrará, mais cedo ou
mais tarde, pela omissão. Para evitar essa situação é que os médiuns
devem estudar a Doutrina, participando de estudos e lendo a respeito da
mediunidade, a Doutrina Espírita é a melhor opção para conhecer sobre a
mediunidade, mas esta deve ser direcionada pelo Pai ou Mãe no Santo,
assim estará assimilando conhecimento e podendo debater a respeito.
15 – E se há impedimentos ponderáveis? Filhos a cuidar, cônjuge difícil, profissão, saúde…
Eventualmente
isso pode acontecer, por algum tempo. O problema maior, entretanto,
está no próprio médium que, geralmente, tenta justificar a sua omissão.
Altamente improvável que a espiritualidade lhe outorgasse a mediunidade,
sem dar-lhe condições para exercê-la.
16 – E quando a participação do médium gera conturbações no lar, a partir de um posicionamento intransigente do consorte?
Lamentável
o casamento em que marido ou mulher pretende criar embaraços à
atividade religiosa do cônjuge. É inconcebível! Onde ficam o diálogo, a
compreensão, o respeito às convicções alheias? De qualquer forma, embora
tal situação possa justificar a ausência do médium, não o eximirá dos
problemas inerentes à mediunidade não exercitada.
17
– É difícil encontrar pessoas que guardam perfeita estabilidade
emocional e física. Tem algo a ver com a sensibilidade mediúnica?
Tem
tudo a ver. Vivemos mergulhados num oceano de vibrações mentais,
emitidas por Espíritos encarnados e desencarnados. Assim como podemos
ser contaminados por vírus e bactérias, também sofremos contaminações
espirituais que geram alterações em nossos estados de ânimo.
18 – Isso explica por que as pessoas tendem a ficar deprimidas num velório e felizes num casamento?
Sem
dúvida. O ambiente e as situações exercem grande influência. Lembro-me
da morte de Aírton Senna. Provocou imensa comoção popular, até naqueles
que não acompanhavam suas proezas no automobilismo. A emoção se expande e
pode envolver multidões.
19 – Explica, também, as atrocidades cometidas por soldados, numa guerra?
A
guerra produz lamentáveis epidemias de maldade, em face de nossa
inferioridade. A crueldade tem livre acesso em corações ainda dominados
pelos impulsos instintivos da animalidade. Propaga-se com a rapidez de
um rastilho de pólvora.
20
– No lar parece acontecer algo semelhante, quando as pessoas perdem o
controle e se agridem com gritos e palavrões, descendo não raro à
agressão física…
Em
nenhum outro lugar demonstramos com maior propriedade nossa
inferioridade. No lar rompe-se o verniz social. As pessoas mostram o que
são. Como não há santos na Terra, conturba-se o ambiente, favorecendo
contaminações de agressividade, que envolvem os membros da casa.
21 – Como evitar isso?
É
preciso desenvolver e fortalecer defesas espirituais, elevando nosso
padrão vibratório, sintonizando numa freqüência que nos coloque acima
das perturbações do ambiente.
22 – Como funciona essa questão da sintonia?
Tomemos,
por exemplo, as ondas hertzianas, nas transmissões radiofônicas. Elas
se expandem dentro de freqüência específica. Para ouvir determinada
emissora giramos o dial e a sintonizamos. Nossa mente é um poderoso
emissor e receptor de vibrações e tendemos a sintonizar com multidões
que se afinam mentalmente conosco.
23 – Que providências devemos tomar para uma sintonia saudável?
Consideremos,
em princípio, que ela é determinada pela natureza de nossos
pensamentos. Lembrando o velho ditado “dize-me com quem andas e te direi
quem és“, podemos afirmar “dize-me a natureza de teus pensamentos e te
direi que influências irás assimilar”.
24
– Isso significa que equilíbrio e desequilíbrio, paz ou inquietação,
alegria ou tristeza, agressividade ou mansuetude, dependem,
essencialmente, de nós?
Exatamente.
Embora nossos problemas físicos e psíquicos possam ser amplificados por
influências ambientes, a origem deles está em nossa maneira de pensar e
agir. Se quisermos o Bem em nossa vida, é fundamental que pensemos e
realizemos o Bem.
25 – Que livros você indicaria para um iniciante?
É
preciso levar em consideração a cultura e a familiaridade da pessoa com
a literatura. Se for alguém habituado, com facilidade de concentração,
deve ler, inicialmente, O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns e O
Evangelho Segundo o Espiritismo. Nessas três obras de Allan Kardec,
temos, na mesma ordem, o tríplice aspecto do Espiritismo: Filosofia,
Ciência e Religião, estes nasceram não para a Religião Espiritismo e sim
para todos que crêem na existência dos espíritos, mas para aceitação
inicial da espiritualidade e conhecimento especifico dentro da Umbanda,
cabe ao iniciante conhecer Tambores de Angola, Aruanda de Robson
Pinheiros, nos dá uma noção da Umbanda no Astral Superior, não
esquecendo de forma alguma informar ao seu Pai ou Mãe no Santo, sobre
seus estudos, pois este estará disposto a lhe responder futuras dúvidas a
respeito de seu estudo, infelizmente a Umbanda ainda não existe um
livro que possamos pegá-lo como base de estudo para todos, pois a
verdade dos Terreiros de Umbanda é que cada Casa atribui sua Doutrina e
esta deve ser respeitada pelo iniciante, damos sempre como base a
Doutrina Espírita, pois a mesma nasceu para ensinar a todos sobre a
Espiritualidade.
26 – O que é o animismo?
Na
prática mediúnica é algo da alma do próprio médium, interferindo no
intercâmbio. Kardec empregou o termo sonambulismo, explicando, em Obras
Póstumas, quando trata da manifestação dos Espíritos, item 46: O
sonâmbulo age sob a influência do seu próprio Espírito; sua própria alma
é que, em momentos de emancipação, vê, ouve e percebe além dos limites
dos sentidos. O que ele exprime, haure-o de si mesmo…
27 – O animismo está sempre presente nas manifestações?
O
médium não é um telefone. Ele capta o fluxo mental da entidade e o
transmite, utilizando-se de seus próprios recursos. Sempre haverá algo
dele mesmo, principalmente se for iniciante, com dificuldade para
distinguir entre o que é seu e o que vem do Espírito.
28
– Existe um percentual envolvendo o animismo na comunicação? Digamos,
algo como quarenta por cento do médium e sessenta por cento do Espírito?
Se
o animismo faz parte do processo mediúnico, sempre haverá um porcentual
a ser considerado, não fixo, mas variável, envolvendo o grau de
desenvolvimento do médium. Geralmente os iniciantes colocam mais de si
mesmos na comunicação. Quando experientes, tendem a interferir menos.
29 – Pode ocorrer uma manifestação essencialmente anímica, sem que o próprio médium perceba?
É
comum acontecer, quando está sob tensão nervosa, em dificuldade para
lidar com determinados problemas de ordem particular. As emoções tendem a
interferir e ele acaba transmitindo algo de suas próprias angústias, em
suposta manifestação.
30 – Seria uma mistificação?
Não,
porque não há intencionalidade. O médium não está tentando enganar
ninguém. É vítima de seus próprios desajustes e nem mesmo tem
consciência do que está acontecendo.
31 – E o que deve fazer o Pai/Mãe no Santo quando percebe que um Filho no Santo está entrando nessa faixa?
É
preciso cuidado. O Pai/Mãe no Santo menos avisado pode enxergar
animismo onde não existe. Se a experiência lhe disser que realmente está
acontecendo, deve conversar com o médium, em particular, saber de seus
problemas e encaminhá-lo às giras de desenvolvimento e ou tratamento
espiritual. Toda a atenção dos Pais/Mães no Santo devem ser direcionada a
este Filho e estar atento a esta mediunidade, é comum percebermos que
pela ignorância (do saber) é mais fácil deixá-lo de lado, ou ainda
excluí-lo do corpo mediúnico, muitas das vezes estes são execrados dos
Terreiros, não por ser um animista e sim pelo desconhecimento do Pai/Mãe
no Santo sobre o assunto. Se persistir o problema, o médium deve ser
orientado a participar das giras como suporte, auxiliando nos trabalhos.
32 – Quando é que o Pai/Mãe no Santo deve preocupar-se com o animismo?
Quando
ocorre a manifestação de um espírito que se diz orientador. É preciso
passar o que diz pelo crivo da razão, distinguindo não apenas um
possível animismo, mas, também, uma mistificação do Espírito
comunicante.
33 – O médium que se sinta enfermo deve resguardar-se, deixando de comparecer à gira?
Depende
do tipo de problema que esteja enfrentando. Se fortemente gripado,
febril, é conveniente que se ausente, resguardando também os irmãos, que
podem contrair seu mal. Mas há sintomas físicos e psíquicos que apenas
revelam a proximidade de Espírito sofredor, não raro trazido pelos
mentores espirituais para um contato inicial, a favorecer a
manifestação.
34 – Nesse caso, mesmo não se sentindo bem, o médium deve comparecer?
Sim,
porque o que está sentindo é parte de seu trabalho, exprimindo as
angústias e sensações do Espírito, relacionadas com a doença ou os
problemas que enfrentou na vida física.
35 – Isso significa que uma dor na perna, por exemplo, pode ter origem espiritual?
É
comum. Acontece principalmente com o médium que tem sensibilidade mais
dilatada. Ao transmitir a manifestação de um Espírito que desencarnou
por problema circulatório, cuja perna gangrenou, tenderá a sentir dor
semelhante, não raro antes da reunião, devido à aproximação da entidade.
36 – Ocorre o mesmo em relação às emoções?
É
freqüente. Sintonizado com o Espírito, o médium capta o que vai em seu
íntimo. Se a entidade sente-se atormentada, aflita, tensa, nervosa ou
angustiada, experimentará algo dessas emoções.
37
– E se o médium, imaginando que esses sintomas físicos e emocionais
estão relacionados com seus próprios problemas, decide não comparecer à
reunião?
Se
alguém nos confia um doente para levá-lo ao hospital, e decidimos
instalá-lo em nossa casa, assumiremos o ônus de cuidar dele. Certamente
nos dará muito trabalho, principalmente se for um doente mental.
38 – É possível que essa ligação com entidades perturbadas ocorra independentemente da iniciativa dos mentores espirituais?
É
o que mais acontece. Vivemos rodeados por Espíritos destrambelhados,
sem nenhuma noção da vida espiritual, que se agarram aos homens, como
náufragos numa tábua de salvação. Nem é necessário ter mediunidade
ostensiva. Todos estamos sujeitos a sofrer essa influência.
39
– Digamos que o médium receba influência dessa natureza na
segunda-feira e só comparecerá ao Terreiro no sábado. Sofrerá durante a
semana toda?
Com
a experiência e a dedicação ao estudo ele aprenderá a lidar com esse
problema, cultivando a oração e dialogando intimamente com a entidade
que, com o concurso de mentores espirituais, será amparada.
40 – Devemos informar a esse respeito pessoas que procuram o Terreiro, perturbadas por tais aproximações?
É
preciso cuidado. Pessoas suscetíveis, que guardam idéias equivocadas,
relacionadas com influências demoníacas, podem apavorar-se. Nunca mais
porão os pés no Terreiro.
Adaptações: Alex de Oxóssi
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